Percy Jackson
Ao lado de um barco capenga, quase caindo aos
pedaços, resultado de ataques de fúria que outrora pessoas indignadas pelo seu
destino foram capazes de fazer apenas com suas unhas e dentes, encostado na
parte mais estável do barco se encontrava o diabo, era facilmente notável
seu estado de impaciência, visível pelos seus resmungos e passos nervosos
nas proximidades do barco. Encontrava-se estressado devido à longa demora do
próximo sujeito, que estava mais de meia hora atrasado, e este estresse não era
por menos, normalmente essa transição levaria alguns minutos, o que daria um
breve instante para que ele comece alguma coisa e assistisse um pouco da
tortura de algum sujeito mal disciplinado, o que seria a única diversão que o
coitado teria ao dia.
Com impaciência o diabo se deslocou do
barco até o local onde normalmente as pessoas iam parar após a morte, o qual
recebia o carinhoso apelido de lamaçal dos desesperados, mas não conseguia
compreender, normalmente as pessoas teriam se arrastado daquela penumbra
imediatamente, em busca de respostas sobre o que lhes ocorrera e qual o destino
que os aguardava. Curioso, se aproximou do local onde se encontrava o sujeito,
pode notar que se tratava de um garoto de aproximadamente dezesseis anos,
visivelmente abatido e esfomeado, também, essas transições de pós vida
demoravam horas.
O garoto estava extremamente
concentrado em tocar em uma poça d'água que se encontrava em baixo dele, tanto
que nem mesmo fora capaz de ouvir a aproximação do rabugento diabo que agora
estava a poucos centímetros do garoto e podia ouvir que curiosamente este
reclamava avidamente com a poça.
- Mas que diabos está acontecendo?
- Por que sempre eu? Quem dera tivesse tempo
para atrapalhar mortais imbecis, aceites teus próprios problemas garoto.
O sujeito só então notou a presença do
rabugento diabo, que se encontrava praticamente ao seu lado, olhou em direção a
criatura e se espantou com o que encontrou ali, e em uma reação de pânico se
afundou mais na lama e soltou um berro nada sutil, que ecoou pelas paredes da
caverna mesmo após algum tempo, em que ambos passaram a analisar um ao outro tentando
decidir o quão desprezível era o indivíduo em sua frente. Com um movimento
rápido e repentino o diabo deu um grito, e o garoto afundou mais alguns
centímetros na lama e soltou outro grito estridente, ação a qual fez o fez
corar fortemente, mas como se para resgatar o pouco orgulho que ainda lhe
restava ele se levantou daquele lamaçal e estufou o peito em um movimento de
afronta corajosa.
- Se apresse que o barco já está prestes a
sair! – Disse o diabo praticamente
ignorando a atitude de rebeldia do garoto.
- Desculpa aí, pessoa errada, estou esperando
outro Deus.
O diabo vira a cabeça ao teto da caverna e resmunga algo
relacionado ao fato de que o todo poderoso lá em cima normalmente ficava com os
doidos de pedra.
- Olha, chega de papo furado.
O diabo segurou no braço do garoto e preparou-se para
arrasta-lo, porém em um gesto extremamente habilidoso este conseguira se
desvencilhar das garras que o prendia.
-Mas que Hades... Deixe-me adivinhar, deus menor? Filho de
Hefesto se me permite adivinhar.
-É notória sua habilidade em deduzir garoto -
respondeu o diabo sarcasticamente.
-O
calor de tuas mãos lhe entregaram, mas falando sério, espero que minhas
reservas para os campos Elísios tenham sido feitas, não lutei por anos a favor
dos deuses para ser apenas mais uma alma vagando pelo Tártaro. E aviso que se
essa viagem forre-me agradável vou pessoalmente falar com Hades para que lhe de
alguma promoção.
O
Diabo já cansado daquela palhaçada explica a real situação do sujeito, que nega
veemente as palavras do diabo, e afirma ser filho de um deus da água qualquer
da mitologia grega. Então para explicar a veracidade de suas palavras, o diabo
faz com que apareça toda a ficha do garoto apenas com um estalo de dedo e passa
a lê-la:
-Percy
Jackson, 17 anos, filho de Sally Jackson e Arthur Chase, a família fazia parte
de uma comunidade onde os deuses pagãos gregos eram a base de sua
religiosidade. Durante a infância cometeu diversos delitos de baixo peso,
principalmente no quesito da gula e da preguiça, aos 14 anos foi levado a uma
viagem de barco com seu pai e sofreu um traumatismo craniano com a batida do
barco em um iceberg, desde então vem sendo mantido vivo por meio de máquinas
respiratórias, que o mantearam em estado vegetativo durante três anos, tempo o
qual este passou perpetuando sua adoração a deuses pagãos.
Percy atento a todas as palavras ditas pelo
diabo ficou alguns minutos tentando digerir a notícia recebida, enquanto o seu
companheiro explodia na gargalhada.
- Podemos ir andando agora caro filho do
Aquaman?
E explodindo em gargalhadas o sádico conduziu o
garoto abalado até a penumbra a alguns metros da onde se encontrava, o
posicionou em seu assento e conduziu o barco, realizando diversas piadinhas
pelo caminho, incluindo a possibilidade de jogar o garoto do barco para que ele
fosse nadando.
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