20 de out. de 2016

Gabriele Silva: Luis XVI

Luís XVI (Rei da França durante a Revolução Francesa) 


DIABO
- dirigindo-se ao companheiro -
Oh! Quem vem lá?
Meu passageiro tão esperado
Que caminha perdido
Com o rosto assombrado

LUÍS XVI
Ora criatura, diga me
Que fazes aí?
Porventura
Esta barca vai partir?

DIABO
Pois com toda certeza!
Esperávamos somente
Um integrante da realeza

LUÍS XVI
E que destino ela tem?

DIABO
O mesmo daquele que não fez o bem

LUÍS XVI
E onde está, então
A nobre embarcação
Que me levará?

DIABO
- rindo alto -
É sempre assim
Ninguém espera este fim
Se achegue aquela barca
Próximo a outra margem
Vamos ver se és bem recebido
Com toda essa bagagem

- caminha até outra margem -
  
LUÍS XVI
Boa criatura, diga-me
Porventura
Essa é a barca que me levará?

ANJO
Quem ousa se julgar?
Quem é tolo de adentrar
Nessa barca tão pequena
Com essa bagagem que envenena?

LUÍS XVI
Não compreendo
Não trago nada nas mãos
Apenas meu corpo e minha coroa
Tanto espaço não ocuparão
Cheque sua lista
Ou seja lá o que for
Não houve na face da Terra
Humano com mais esplendor

ANJO
Ignorou os pequenos
Não ouviu o clamor da nação
Abafou os gritos da população
Sua única preocupação
Era a roupa que usaria
Agora arque com os frutos
De uma vida de ostentação
Afaste-se
Leve consigo sua vaidade e suas posses perecíveis

DIABO
Ora ora ora
Não foi aceito
Sabe que não me surpreendo
Suba logo, francês
Aceite seu destino de uma vez
Se apresse, pois mais um monarca
acaba de bater as botas

Terei que mudar a rota

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