21 de nov. de 2017

Rotina de um condenado

Paola Rodrigues de Jesus                                    Turma: 1º ano – Química

Acorda cedo, se arruma, pega o material, vai para o ponto.
Entra no ônibus, toma cuidado para não cair enquanto o veículo está em movimento.
Observa a paisagem através da janela, vê um matagal com garrafas de vidro e lixo espalhados por todo o local. Já se acostumou, então é normal ver a poluição lhe fazendo mal.
Passa por outros pontos, o ônibus cada vez mais cheio e com cada vez menos espaço.
Finalmente, chega ao destino, todos descem e vão rumo às salas de aula.
O professor chega e passa a matéria, o aluno cansado por mal ter acordado, presta atenção porque não quer ter problemas com a avaliação.
Depois de quatro aulas, chega a hora do almoço. Todos correm para o freezer em busca de suas marmitas.
Quando finalmente as encontram, olham ao redor, e adivinha? Pior que fila de banco em dia de pagamento, todos os microondas estão cheios!
Vai para o fim da fila e se dá conta de que meia hora já se passou.
Se concentra no celular, na conversa do colega, olha para o teto, para o chão, lê os cartazes e quando já está verde e semelhante a um esqueleto de tanta fome, chega sua vez.
Aproveita o tempo que lhe resta para fazer trabalhos e tarefas, mas não termina, pois as folhas do livro parecem se multiplicar à quantia das da Bíblia.
Depois de mais quatro aulas é hora de ir pra casa. Refaz todo o trajeto de ônibus, passando pelas mesmas situações.
Chega em casa e pensa que está livre, mas olha na agenda e percebe que saiu da escola, mas ela continua lhe acompanhando.
As tarefas do dia são poucas, talvez termine de fazê-las daqui a um século.
Faz toda a tarefa que o cérebro aguenta, até que pifa, acordando apenas no outro dia para seguir a mesma rotina.

Este é o dia-a-dia de um estudante do IF, onde ele está condenado a ficar até que saia após cumprir sua pena de três anos.

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